E mais um mês de cinebiografias, ações e comédias reflexivas, dramas psicológicos e mais, está aqui nas nossas portas! Confesso que poucos dos filmes prometidos chegaram a ganhar a minha ansiedade, mas os demais não deixam de demonstrar pontos válidos para tentativas. Lembrando que os títulos não estão necessariamente em ordem de 'possíveis favoritos'. Um adendo: no final da postagem, a indicação de uma nova análise foi feita.

• Florence: Quem É Essa Mulher? (Lançamento: 07 de julho / Roteiro por Nicholas Martin)

História real de Florence Foster, uma rica herdeira novaiorquina que perseguiu seu sonho de tornar-se uma grande cantora. Para ela sua voz era agradável, mas para os públicos era 'hilariamente horrível'. Seu companheiro, Bayfield, um aristocrata inglês, tenta proteger sua amada Florence a pondo longe da verdade, mas ele enfrentará o seu maior desafio quando Florence decide fazer uma apresentação no Carnegie Hall. Uma obra sobre autoconhecimento, real significado do tentar, pontos de risco entre erros e acertos de um relacionamento amoroso: com lembretes da importância da lealdade, teses sobre o que é arte (uma 'verdade' de quem a faz sendo lançada para virar reflexão e uma nova tese nas mãos e corações de outros 'alguéns') e diversas lições motivacionais. Uma obra para impulsionar persistências, abrir olhos e deixar o post-it de que em cada talento, diversos outros estão inclusos. Portanto, abrir uma porta que pareça pequena, se for a única pela frente, pode ser a entrada mais próxima para a porta grandiosa que está por vir. Se já abriu o portão, se já vieram os cachorros, fazer o tour pela casa e dela abstrair o melhor, tentando ali acertar nos pontos possíveis até sentir que chegou ao "fim" (ou seja, quando vier um novo começo), é quesito de boa introdução. Não errar – quando não se está ferindo princípios –, por vezes, é errar em dobro. O receio que fica em relação ao filme é que busque cativar muito mais pelos teores cômicos (utilizando de fatores muito mais trágicos do que descontraídos, perdendo a possibilidade de críticas sociais fundamentais), do que pelas reflexões diversas que a história pode emitir.

• A Lenda de Tarzan (Lançamento: 21 de julho / Adaptação da série de livros de Edgar Rice Burroughs)

Releitura da clássica lenda de Tarzan, na qual um pequeno garoto órfão é criado na selva e mais tarde tenta se adaptar à vida entre os humanos. Na década de 30, Tarzan, aclimatado à vida em Londres em conjunto com a sua esposa Jane, é chamado para retornar à selva onde passou a maior parte da sua vida, devendo servir como um emissário do Parlamento Britânico. Sabemos, através da obra da Disney e demais fatores, o quanto Tarzan emite reflexões bacanas sobre preconceitos (culturais, sociais, raciais, entre outros) e, principalmente, sobre os desequilíbrios naturais e desnecessários causados pela raça humana. Os animais com os quais Tarzan convive, acabam servindo como representação para variados pontos, dentre eles: de quaisquer costumes que levem a rebeliões contra pensamentos de uma massa que, na verdade, vive demasiadamente "em controle" de poucos. No novo filme, que mostrará o prosseguimento do caso – afinal, o que ocorre após Tarzan vai ficar com Jane, adentrado em uma nova cultura e em meio a visões repletas de jogos por poder? –, as entrelinhas deixam juras ainda mais aprofundadas. A noção da importância da teia global, do respeito, da busca maior pelo entendimento alheio e não da matança (aqui também metaforicamente) como resolução, ganham maior destaque. O medo do desconhecido deveria instigar o desvendar, mas atiça, por uma cultura repleta de pirâmides e não de quadrados, a caça pela eliminação: que, por fim, desencadeia em um desequilíbrio que atinge a todos, em muitas das situações. Muitas das reflexões desde já projetadas lembram bastante alguns teores intensificados e detalhados de maneiras excepcionais pelo documentário "I Am", que foi analisado aqui.

• Life — Um Retrato de James Dean (Lançamento: 21 de julho / Roteiro por Luke Davies)

Cinebiografia do ator James Dean, que na obra, às vésperas do lançamento de um filme, ainda não é um artista reconhecido. Os estúdios têm grandes planos para transformá-lo em um astro, mas ele não se sente à vontade com a vida de festas, eventos e autógrafos. O fotógrafo Dennis Stock, apostando no sucesso iminente de James Dean, pede para fotografá-lo em um ensaio para a revista Life, porém recebe apenas respostas negativas. Um dia, para fugir da promoção do filme, Dean esconde-se na fazenda de sua família e leva o novo amigo Stock junto dele. No local, o fotógrafo registra as imagens mais famosas de toda a carreira do ator. Dean, apesar de alguns pontos não muito admiráveis (como uma certa aparente falta de noção do que é liberdade: a utilizando como meio de excessos e em pontos não saudáveis, como em muitas bebidas e cigarros, por exemplo), alargava teses aplausíveis que tendiam a desconstruir padrões e exacerbar que não existem fórmulas para alcances. A rebeldia de James, vista em angulações de dois divergentes extremos, traz reflexões que cabem com giganteza em diversas discussões atuais (que podem ser inclusas, inclusive, em pautas sobre feminismo). A obra deixa os telespectadores em expectativas para que capte tais vertentes mais analíticas. O juramento até então alargado, é que a trama não abandonará mensagens sobre errôneos julgamentos alheios e manipulações que prosseguem cada vez mais alastradas em diversas formas na atualidade. Outro lado de enfoque das reflexões em juras fica para o que os caminhos que a trajetória de Stock perante Dean podem abranger, incluindo assim os fatores que estarão nas entrelinhas da crença obtida. Tais como: o quanto acreditar na capacidade alheia pode evoluir muito mais a sua do que a destroçar. Eis o ponto.

• Jason Bourne (Lançamento: 28 de julho / Roteiro por Paul Greengrass e Christopher Rose)

Novo filme da franquia Bourne. Seguindo a trama de "O Ultimato Bourne", Jason agora se lembra de quem realmente é e tenta descobrir algumas verdades ocultas do seu passado. Não acompanhei os outros da sequência, então a corrida chama para que a análise reflexiva possa ser melhor elaborada. No entanto, é possível captar que a trama explicita em seus quesitos já divulgados, uma estrada interessante de autoconhecimento e de noções sobre escolhas, incluindo a importância das renúncias e demais tópicos que abrangem lições perante prioridades. Frases que sempre incremento aqui sobre o assunto, como 'liberdade é saber ao que se prende', podem ser facilmente encaixadas no decorrer.

• Entre Idas e Vindas (Lançamento: 21 de julho / Roteiro por José Eduardo Belmonte)

Quatro amigas que trabalham no departamento de telemarketing de uma empresa, embarcam em um motorhome para fazer uma viagem de férias pelo litoral sul de São Paulo. Enquanto isso, Afonso e Benedito, pai e filho, tentam chegar à capital paulista em um velho carro Lada. Benedito não sabe, mas Afonso está levando o menino para encontrar a mãe. Quando o Lada de Afonso quebra na estrada, sem possibilidade de conserto, as meninas do telemarketing socorrem Afonso e Benedito. E o que seria uma simples carona acaba se transformando em uma viagem cheia de aventuras e transformações pessoais. A obra parece muito agregar sobre o poema incluso na postagem de ilustrações que mais mexeram com o meu emocional: "(...) Não merece o fundamental quem não sabe abrir mão do trivial. Não merece ler o final aquele que fala que foi acidental. Então vamos tirar os sapatos, colocar os pés na calçada. Vamos encarar os fatos de que tudo tem sua pancada. Vamos olhar para trás, fazer cruz e dizer amém, por ser hoje capaz: de ver que fica o que faz bem. Estamos abandonados o tempo inteiro, mas nascemos sozinhos para estarmos juntos, que um sonho precisa permitir outros sonhos, abrir mais portas para outros assuntos. Porque nada sobrevive só de si, nada sobrevive só sendo. Para ser é preciso de troca. Só escreve quem começa lendo. E ainda bem então que somos, que estamos, que seremos. Ainda bem que fomos, que choramos, que riremos. Ainda bem que assim, que daquele jeito, que não diferente: Ainda bem que fica o que faz sentido e vai para frente.(...)". Romance, amizade e família. Três pilares adentrados nas mensagens já explicitadas. Apesar de alguns teores aparentemente previsíveis, a trama convida não pelas surpresas ou pelas angulações comediantes, mas pela leveza reflexiva que deixa em juras, principalmente, para quem poderá mergulhar em identificações.

• Dois Caras Legais (Lançamento: 21 de julho / Roteiro por Shane Black e Anthony Bagarozzi)

"Nenhum pássaro voa olhando para as próprias asas" (Carpinejar). Na Los Angeles dos anos 1970, a filha de uma funcionária do Departamento de Justiça dos Estados Unidos é sequestrada e ela decide contratar Jackson Healy (Russell Crowe), ex-alcoólatra, para investigar o caso. O trabalho revela-se mais complicado do que o esperado e ele decide contar com a ajuda de um medroso e atrapalhado detetive particular (Ryan Gosling). "Jackson é interessante, por ser pragmático. Ele é uma pessoa um pouco judiada, mas busca manter a sua conduta. March já não se preocupa tanto com escrúpulos. Ele age muito impulsivamente. Ele leva a vida como se esperasse que, naturalmente, as coisas fossem melhorar. Mas ele esquece que a mudança para melhor nem sempre começa sendo positiva. É preciso que mude por si para o resto começar a ser diferente" (Black: diretor). É preciso ter limites para não precisar ter. Controverso? Mas é isso que diversas das mensagens da obra prometem agregar. As lições de um personagem para o outro, deixam a expectativa maior. Uma amizade brotando, enquanto críticas sociais são feitas em seu entorno e críticas pessoais dentro dela. Assim é a base de 'Dois Caras Legais'.

• Mãe Só Há Uma (Lançamento: 21 de julho / Roteiro por Anna Muylaert)

Pierre descobre que sua família não é biológica quando a polícia prende sua mãe. Confuso, ele vai atrás de seus parentes verdadeiros, que o conhecem como Felipe, e a nova realidade faz com que o rapaz encontre finalmente sua real identidade. "Então, esta é minha nova flor, é uma filme sobre uma história famosa que aconteceu no Brasil (o sequestro do garoto Pedrinho). Não é sobre se sentir bem, mas sobre ser autêntico. Esta é uma flor autêntica. Cada um é o que quiser ser." (Anna Muylaert). As reflexões da trama não buscam definir a orientação sexual do protagonista, mas sim emitir a noção de quem nem tudo precisa ter uma definição endurecida para ser real. Para além das angulações de tal quesito, a obra enfoca em diversos fatores enlaçados ao psicológico e aprofunda na discussão familiar: afinal, mãe é aquela que cria; amigo é aquele que está presente e fazendo esforços nos momentos mais difíceis (será que só isso basta?) e por aí vai. Mas o que vai além disso? O que precisa ir além disso para que o sentimento seja comprovado? A jura deixada é que o filme capte indagações semelhantes.

• Julieta  (Lançamento: 7 de julho / Roteiro por Pedro Almodóvar)

Julieta (Emma Suárez/Adriana Ugarte) é uma mulher de meia idade que está prestes a se mudar de Madri para Portugal, para acompanhar seu namorado Lorenzo (Dario Grandinetti). Entretanto, um encontro fortuito na rua com Beatriz (Michelle Jenner), uma antiga amiga de sua filha Antía (Blanca Parés), faz com que Julieta repentinamente desista da mudança. Ela resolve se mudar para o antigo prédio em que vivia, também em Madri, e lá começa a escrever uma carta para a filha relembrando o passado entre as duas. 'Julieta' é um filme sobre culpa e ressentimentos familiares, que no longa parecem dramaticamente enfatizados, mas que estão, justamente por isso, bem enlaçados com exemplos realísticos. O desgaste e as perdas contidas por orgulhos, por resguardar "e se", entre outros fatores que agregam interrogações, estão presentes. O ponto "negativo" já ratificado em diversas resenhas é que temos aqui um contador de histórias mais interessado em transmitir a consternação dos protagonistas através das imagens do que pelos diálogos do roteiro, relação que era melhor equilibrada em seus melhores filmes anteriores. As metáforas visuais podem ser poéticas, intensas e reflexivas, até mais repletas de entrelinhas do que em outras obras do autor, porém a falta de demais impulsionamentos em palavras deixa o temor de que, caso assim não seja, não haja muito o que salvar criticamente.

• O Bom Gigante Amigo (Lançamento: 28 de julho / Roteiro por Melissa Mathison)

Disney! A pequena órfã Sophie encontra um gigante amigável que, apesar de sua aparência assustadora, se mostra uma alma bondosa e um ser renegado pelos seus semelhantes por se recusar a incluir meninos e meninas em sua alimentação. A garotinha, a Rainha da Inglaterra e o ser de sete metros de altura unem-se em uma aventura para derrotar os gigantes malvados que estão planejando tomar as cidades e aterrorizar os humanos. Certos fatores sempre bem aprofundados pela Disney parecem novamente ganhar rumos, como a força do 'não julgue o livro pela capa' e da evolução (maiores alcances) que um ser pode ganhar ao ter dedicação por/para outro alguém, elaborando assim a tese da força conjunta e de que 'a maior interrogação vem quando desiste do mistério'.

• A Era do Gelo: O Big Bang (Lançamento: 7 de julho / Roteiro por Yoni Brenner)

Depois que o esquilo Scrat, involuntariamente, provoca um acidente espacial em sua incansável perseguição pela noz, um enorme meteoro entra em rota de colisão com a Terra, ameaçando o lar de Manny, Diego, Sid e cia. Sem saber o que fazer para reverter a situação, eles terão que confiar em Buck, a elétrica doninha caolha do terceiro filme – único do grupo que realmente tem um plano para evitar o trágico fim de todos. Paralelamente, Mannie e Ellie têm que lidar com iminente saída de Amora de casa, ao passo que Diego e Shira pensam em aumentar a família e Sid finalmente parece encontrar o amor. Em primeiro lugar, o título não condiz muito com os fatos da trama. Não se trata do Big Bang, mas de uma chuva de meteoros (provavelmente a que extinguiu dinossauros). Porém, excluindo esse equívoco, a animação perpetua pontos de discussões interessantes em seu desenlaçar. Além de sempre incluir tópicos sobre amizade e trabalho em equipe, as teses sobre família e romance deixam ar maior desde já. As problemáticas de Mannie com a filha, por exemplo, podem impulsionar visões interessantes sobre independência e necessidade da permissão de depender um pouco em balanceamento (não permitir amar além de si mesmo, é 'desamor próprio'). Maturidade é não desistir de sentir.

Observação: Acréscimos sobre o que poucas resenhas têm emitido em relação as mensagens do filme "Como Eu Era Antes de Você" foram feitos e você pode conferir clicando aqui. Qual a base reflexiva da obra? Não é uma trama com núcleos sobre vida a dois, romance ou mudanças drásticas de essências. É sobre pontos pessoais, é sobre autoconhecimento, é sobre o real significado de 'viver intensamente'. É sobre lembrar que o mais fundo está na superfície, que "sair por aí sem se importar com nada" não é estar sendo intenso. Intensidade não é sinônimo de imprudência. Viver não é sinônimo de experimentar o machado que pode destruir a casa. É o oposto disso. É experimentar tudo o que pode trazer mais tijolos ou o que, ao menos, não irá ferir a obra. É beber de todas as águas que não quebram as juras, até que jure não mais aquelas promessas jurar. Confira mais na leitura indicada.

Qual das obras mais chamou a sua atenção? Estava aguardando alguma há muito tempo? O que espera a mais das possíveis reflexões/mensagens a serem emitidas por cada uma? Não deixe de compartilhar as suas visões aqui nos comentários!