ANÁLISE: AS METÁFORAS DA LETRA DE CRUEL SUMMER, DE TAYLOR SWIFT
quinta-feira, agosto 29, 2019
Letras poéticas e clipes metafóricos são algumas das artes que mais amo destrinchar. E, Taylor Swift, como a minha compositora favorita, nunca fica de fora das análises. Já foram diversas postagens com análises das suas letras e clipes, como Out Of The Woods, New Year's Day e diversas outras.
Mergulhando na nova fase da artista (do álbum Lover, sobre o qual já falei um pouco aqui), tivemos análise da letra e do clipe de Lover, da letra de Archer e do clipe de Me aqui no blog e no canal. Ainda teremos um vídeo analisando rapidamente faixa a faixa, mas também vamos ter análises completas de outras letras e clipes da nova era.
Apesar da minha composição favorita ser Daylight, percebi uma dificuldade maior de diversos fãs para entender as metáforas de algumas das letras, como foi o caso de Cruel Summer. E, por tal motivo, vamos destrinchar cada parte da letra agora, trazendo todas as explicações.
Confira a música abaixo e veja um vídeo com a letra traduzida aqui.
Para começar, vamos lembrar do contexto em que a letra foi escrita: Taylor tinha acabado de se separar recentemente de Tom, para quem ela escreveu Getaway Car, uma das suas mais incríveis composições. É possível, portanto, perceber que ela brincou com Getaway na letra de Cruel Summer, criando uma ponte que fala de um carro e com tons semelhantes ao que usou na outra música. Mas isso foi apenas uma referência, já que a relação finalizada recentemente (na época) com Tom era um dos empecilhos para que ela e Joe (para quem Cruel Summer foi escrita) ficassem mais explicitamente juntos.
A letra de Cruel Summer vai abordar uma relação incerta enquanto Taylor se descobre apaixonada por ele (Joe) e percebe que não consegue mais viver algo indefinido assim, já que seus sentimentos estão claros e ficando cada vez mais fortes. Tudo vai ser explicado durante as metáforas da letra, que estão destrinchadas logo abaixo.
A minha metáfora favorita de letra está no verso em que ela diz "Pendure a cabeça no brilho da máquina de venda automática. Eu não estou morrendo.". O trecho é repleto de noções empoderadas, assim como vários outros que trazem excelentes entrelinhas.
Confira na análise completa:
Mergulhando na nova fase da artista (do álbum Lover, sobre o qual já falei um pouco aqui), tivemos análise da letra e do clipe de Lover, da letra de Archer e do clipe de Me aqui no blog e no canal. Ainda teremos um vídeo analisando rapidamente faixa a faixa, mas também vamos ter análises completas de outras letras e clipes da nova era.
Apesar da minha composição favorita ser Daylight, percebi uma dificuldade maior de diversos fãs para entender as metáforas de algumas das letras, como foi o caso de Cruel Summer. E, por tal motivo, vamos destrinchar cada parte da letra agora, trazendo todas as explicações.
Confira a música abaixo e veja um vídeo com a letra traduzida aqui.
Para começar, vamos lembrar do contexto em que a letra foi escrita: Taylor tinha acabado de se separar recentemente de Tom, para quem ela escreveu Getaway Car, uma das suas mais incríveis composições. É possível, portanto, perceber que ela brincou com Getaway na letra de Cruel Summer, criando uma ponte que fala de um carro e com tons semelhantes ao que usou na outra música. Mas isso foi apenas uma referência, já que a relação finalizada recentemente (na época) com Tom era um dos empecilhos para que ela e Joe (para quem Cruel Summer foi escrita) ficassem mais explicitamente juntos.
A letra de Cruel Summer vai abordar uma relação incerta enquanto Taylor se descobre apaixonada por ele (Joe) e percebe que não consegue mais viver algo indefinido assim, já que seus sentimentos estão claros e ficando cada vez mais fortes. Tudo vai ser explicado durante as metáforas da letra, que estão destrinchadas logo abaixo.
A minha metáfora favorita de letra está no verso em que ela diz "Pendure a cabeça no brilho da máquina de venda automática. Eu não estou morrendo.". O trecho é repleto de noções empoderadas, assim como vários outros que trazem excelentes entrelinhas.
Confira na análise completa:
CRUEL SUMMER | VERÃO CRUEL
Sonhando febril no silêncio da noite
Você sabe que eu já peguei (oh, sim, você está certo, eu quero)
Mau, garoto mau, brinquedo brilhante que tem um preço
Você sabe que eu comprei (oh, sim, você está certo, eu quero)
✘
A febre é um sinal de doença, de necessidade de algum remédio – e aqui também exibe a noção de algo que realmente mexe com as emoções ao ponto de causar essa agonia. Ou seja, ela (Taylor) chegou em um nível de sentimentos em que precisa definir que caminho esse relacionamento vai tomar, já que chegou ao ponto dessa incerteza (sobre ser algo sério ou não) fazer mais mal do que bem. Afinal, devemos ler uma história apenas enquanto sentimos que podemos escrevê-la, e essa sensação está saindo dela. O remédio, então, seria eles definirem que vão adiante de uma forma séria, em um relacionamento sério. Já o sonho citado é representação do lado positivo de algo e traz a ideia da esperança de que essa relação tenha um caminho saudável e belo, logo, é essa possibilidade que prendeu ela a isso, apesar de qualquer pesar.
O "silêncio da noite" vem para representar primeiramente a noite em si, que dá a ideia de escuridão, ou seja, aquilo que não está totalmente esclarecido/resolvido entre eles e isso prossegue sem resolução até então: logo, o silêncio. Mas quando ela pontua o trecho "você sabe que eu já consegui", está pontuando que no fundo ele sabe que ela quer ir adiante, que quer resolver, que quer estar com ele. Não à toa, percebemos na música I Think He Knows (outra do mesmo disco) justamente essa ideia de base. As vozes em ecos dizendo "você está certo, eu quero", ratificam a mensagem, mas estão em ecos para deixar claro que, até ali, nenhum dos dois adimitia totalmente esse querer mais sério.
O "mau, mau garoto" que vem a seguir pode representar a forma como o mundo entenderia quem é ele sem ela (o cara em questão, que sabemos que é o Joe). Em Miss Americana a noção de "garota má" é justamente vinda desses julgamentos alheios. Fazendo a mesma brincadeira na letra de Cruel Summer, a ideia pode ser a de que ele poderia ser mal interpretado pela suas atitudes enquanto solteiro, por exemplo. Outra noção possível é de que ele não deixou ainda claro o que quer (suas intenções) ou totalmente seu caráter para ela, deixando-a em dúvida e sendo 'mau' por isso.
Ela diz, então, que ele é um brinquedo com um preço: ou seja, custa as noites mal dormidas dela e vai custar diversas coisas (como o risco do coração dela entregue), porque ele realmente mexe com ela (e se lembrarmos de The Archer, ela está repleta de cicatrizes em si que geram desconfianças e receios). A noção de brinquedo vem para afirmar a ideia de satisfação, de que quando ela está com ele, se esquece desses riscos e apenas sente tudo com intensidade, liberando a sua esperança, a sua criança interior, a sua forma adolescente... essa é uma noção, inclusive, com a qual ela brinca nas entrelinhas de outras letras e na sonoridade por vezes 'infantil' em alguns momentos de outras canções.
E, então, ela afirma estar disposta a correr esses riscos (a ir para o combate, como afirma em The Archer), afinal, ela diz que "já comprou", fazendo uma brincadeira com a ideia de que já comprou esse brinquedo. Mas, no literal, ela está apenas pontuando que esse sentimento é mais forte do que ela e que ela não consegue escapar, então, não tem escolha: simplesmente precisa tentar para saber – porque ir embora com a dúvida do que poderia ser, seria ainda mais doloroso. PORÉM, nada disso significa que ela deixa de estar com um olho aberto e outro fechado, afinal, esta letra fala bastante sobre não permitir que enrolações aconteçam.
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Me matando devagar, do outro lado da janela
Eu estou sempre esperando que você esteja lá em baixo
Demônios jogam os dados, anjos reviram os olhos
O que não me mata me faz te querer mais
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Em meio a essa incerteza de qual será o futuro deles, ela sente que está ficando distante. A ideia de estar do outro lado da janela é a representação também de estar fora de casa, ou seja, cada vez mais longe da intimidade construída por eles. Mas, mesmo quando há alguma queda nessa conexão entre eles, ela tem a esperança de que ele, na verdade, não esteja se afastando e de que esteja apenas esperando por ela também, ou seja, que ele esteja "lá embaixo", aguardando para entrar "na casa" (voltar a ter a intimidade de sempre). O bacana aqui é que todas essas metáforas remetem a uma cena adolescente de filme, em que o rapaz vai jogar pedras na janela da moça, por exemplo. Logo, é assim que ela se sente com ele, revivendo suas esperanças que tinha apenas quando adolescente.
Logo após tais trechos, chegam algumas das metáforas mais definidoras da letra: "Demônios jogam os dados, anjos reviram os olhos". Os demônios estão representando todas as pessoas e situações da vida que estão indo contra esse relacionamento, que atrapalham eles de tomarem as decisões (como a de seguirem tendo algo mais sério) – o relacionamento dela (na época terminado recentemente) com o Tom seria um desses empecilhos. Ou seja, parece que esses 'demônios' estão tentando a sorte, tentando atrapalhar de diversas formas para ver se conseguem, para testá-los ("jogando os dados"). Ela está falando também, obviamente, não só de outras pessoas e de acasos negativos da vida, mas das próprias escolhas anteriores dela mesma que chegam agora como consequência e ela se culpa (olá, reputation!).
Complementando a frase, a parte dos anjos deixa claro que ela deixa esse relacionamento nas mãos do destino, ou seja, nem mesmo o que é bom o suficiente na relação (representado pelos anjos) deixou claro ainda qual o futuro que esse relacionamento vai ter (já que até o que é bom, 'revira os olhos': não olha diretamente, não ajuda, não define claramente até então). Mas, por outro lado, ela quer que a decisão venha o mais rápido possível e ela volta a deixar isso claro ao afirmar que o que não mata ela – se referindo aqui aos demônios, ao que é negativo e que não consegue acabar com esse sentimento –, só faz com ela o queira ainda mais. Logo, nada do que já houve de complicado diminuiu esse sentimento e essa vontade de ter a certeza de como será esse relacionamento dali pra frente (sério ou não...), já que essa necessidade só cresce e ela não está mais tendo como esperar.
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E é nova, a forma do seu corpo
É azul, a sensação que eu tenho
E isso é
É um verão cruel
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A ideia de que a forma do corpo dele é nova traz a noção de que ela não sabe ainda tudo o que ele sente, pensa... já que o corpo é apenas o superficial e é o que ele tem dado a ela, assim, tudo ainda parece novo, porque ele não tem se aberto totalmente para permitir que ela saiba do que se passa dentro dele profundamente. Então, ela tem essa sensação triste (representada pelo azul) de que ele pode se afastar de vez, de que não seja nada do que ela está pensando (de um futuro bacana para essa relação). Afinal: a dor, na ausência, às vezes machuca. A dor, na presença, o tempo inteiro fere. A saudade, na ausência, às vezes caduca. A saudade, na presença, a ausência já confere.
Então, ela diz que é um verão cruel. O verão dá ideia de algo que aquece, que alegra, que deixa tudo mais belo e animado, que é como ela se sente com ele. Mas não está sendo apenas assim porque é cruel – já que, no fundo, todos esses momentos de alegrias vêm recheados de incertezas, do não saber como vai ser essa relação no amanhã (no futuro). Além disso, o verão é algo passageiro (existem outras diversas sensações em uma relação: pode vir um fim, como um inverno, ou novas descobertas, como a primavera...) e, portanto, essa crueldade (de ficar repleta de interrogações) também será passageira: ou seja, ela não sente que tem mais como permitir que essa dúvidas prossigam, isso não poderia durar para sempre assim (nada pode ser só verão).
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Tudo bem, é o que eu digo a eles
Sem regras, no paraíso quebrável
Mas é um verão cruel
Com você
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Eis que no trecho acima surgem algumas das minha metáforas favoritas da letra. O trecho: "tudo bem, é isso o que eu digo a eles" trata de como ela aborda o assunto com as pessoas ao redor que sabem da relação e perguntam sobre (amigos, conhecidos mais próximos...). Ela diz que está tudo bem como está (sendo indefinido, ainda com detalhes incertos), mas não é como ela se sente de verdade. Ela tenta fazer o papel de dura, mas é tentando ser assim que 'esse verão se torna ainda mais cruel', ou seja, fica a lição de que os mais fortes são os que quebram muros, são os vulneráveis, os que admitem o que sentem, o que sabem dizer que não está tudo bem (que é o que ela acaba fazendo adiante).
"Sem regas, no paraíso quebrável" é um verso que traz uma das principais mensagens da composição. Ela está dizendo que esse relacionamento está sem regras definidas, já que ele prossegue repleto de perguntas, sem saber direito para onde vai. E essa noção de não ter regras é o que para muitos soa como o 'paraíso', mas tudo o que não tem limites combinados, tudo o que não tem certas regras definidas, é o inferno, é o que mais gera dúvidas (afinal, até um relacionamento aberto precisa de detalhes combinados). Ela fala então que é um 'paraíso' sendo irônica, mostrando como as pessoas de fora poderiam pensar, mas logo ela afirma que isso é quebrável, já que nada dura sem as regras definidas, sem as coisas claras, sem limites. Ou seja, isso é o que torna o verão ainda mais cruel (dentro da metáfora que o verão significa na letra). Lembram das metáforas de Lover (em especial da cena do aquário do clipe)? Essa noção de que a real liberdade é saber ao que se prende está muito por lá. Veja a análise da letra e do clipe de Lover clicando aqui.
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Pendure a cabeça no brilho da máquina de venda automática
Eu não estou morrendo (oh, sim, você está certo, eu quero isso)
Você diz que só vamos estragar tudo nestes tempos de tentativa
Nós não estamos tentando (oh, sim, você está certo, eu quero)
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Eu simplesmente amo o trecho acima, vamos ovacionar esse empoderamento. A máquina de venda automática é aquela na qual colocamos o dinheiro, escolhemos o produto ele cai para que peguemos. Ela diz que é para ele inclinar/pendurar a cabeça no brilho dessa máquina (virar a cabeça para o lado, olhar quase que de cabeça para baixo), ou seja, ele vai estar olhando e olhando para a máquina... esperando o produto cair, alimentando a sua esperança (representada na frase pelo brilho). A máquina representa o relacionamento em si e o produto que deveria cair representa aquilo que ele está querendo receber dela – logo, representa a paciência que ele quer dela, para que ela espere mais por uma decisão, espere mais para que ele comece a se abrir...
O trecho é como um pedido dela para que ele olhe nas entrelinhas (continue ali, analisando, tentando perceber) e perceba o que ela já transmitiu e ofereceu para ele durante esse tempo, já que ela não vai dar mais do que já deu (o produto novo não vai aparecer lá: a paciência ela não tem mais), afinal: ela não está morrendo, ou seja, ela não está morrendo por ele! Ela sabe até onde vale a pena e ali já está a um triz de não valer. Outro detalhe que pode estar sendo transmitido é que ela não está também com as esperanças todas mortas, afinal, ela está tentando (mas isso tem um limite). O não estou morrendo representa, ainda, o 'produto' que não vai cair de lá para ele! A esperança não está acabada, mas também não está mais dando forças para ela seguir.
A ideia transmitida é de que ela não vai dar mais do que ela já está dando para ele, não vai 'fazer mais pagamentos para a máquina', até que ela receba melhor em troca, até que esse relacionamento tenha regas mais definidas, tenha decisões melhor tomadas (como ela afirma nos trechos anteriores). Afinal, liberdade é saber, renunciar de algo e optar por outro algo; é saber priorizar. Se ele não toma a decisão, se ele mesmo não coloca 'o pagamento' na máquina – ou seja, se ele mesmo não dá o esforço da parte dele e decide o que precisa –, então ela também não vai fazer mais do que já fez até ali e não vai se entregar mais do que já se entregou (até que as coisas se definam).
Nas vozes de fundo, os ecos continuam afirmando que ela quer isso, mas é justamente por querer que ela sabe seus limites e sabe até onde pode ou não suportar. Não é porque ela quer que vai aceitar de tudo, que vai permitir qualquer atitude desleixada dele. Taylor está dizendo aqui, portanto, que chegou ao seu limite de entregas e esperas. E ela prossegue dizendo: "Você diz que só vamos estragar tudo nestes tempos de tentativas. Nós não estamos tentando". Logo, ele está afirmando que eles podem não conseguir passar pelos problemas que têm acontecido (os demônios, como diz a letra), que eles podem não saber levar essa relação adiante das melhores formas, mas ela afirma que eles sequer estão tentando para saber de fato, afinal, tentar não é ficar se perguntando, é fazer, é decidir de vez e começar a colocar em prática. Leia mais sobre isso aqui.
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Então corte os faróis, o verão é uma faca
Eu estou sempre esperando por você para cortar até o osso
Demônios jogam os dados, anjos reviram os olhos
E se eu sangrar, você será o último a saber
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Os faróis servem como guias, ele guia as pessoas através da luz. Na letra, ele representa, portanto, o esclarecimento dessa relação, de para onde ela vai, e ela diz então, em outras palavras: "então corte logo a minha esperança de que vamos em frente, de que isso vai se tornar algo mais definido, mais sério...", já que está falando de cortar o farol (que seria a representação para esse provável esclarecimento). Após, ela fala que o verão é uma faca. O verão, como já foi dito aqui na análise, é a representação de algo bom, mas que também não vai durar para sempre da mesma maneira. Ela está dizendo, portanto, que esses bons momentos estão passando a doer nela, a machucar, porque ela quer saber para onde isso vai, e nem o que é bom está sendo suficiente, está sendo agora como uma faca (cortando ela por dentro, cortando as esperanças a cada novo momento vivido).
Já "cortar até o osso" seria uma expressão para acabar com a enrolação, ou seja, 'doa o que doer', ela está sempre esperando para que ele seja logo totalmente honesto sobre o que sente e sobre o que quer com essa relação. Ela está cansando de esperar, porque está sendo aguardando que esse momento chegue (para que eles definam tudo, mesmo que seja para um fim), está sempre esperando que cada parte disso seja logo resolvida – o que não tem acontecido.
E, então, ela repete a metáfora dos demônios e anjos que já foi aqui explicada e diz após: "se eu sangrar, você será o último a saber". Depois de falar espera ele para 'cortar até o osso', ela continua com as metáforas de cortes, mas dessa vez dizendo que o que ela mais quer é apenas saber a verdade, saber o que ele sente, e não importa se ela vai sangrar, porque se o fim for a decisão dele (já que ela não vai mais ficar esperando), ela vai seguir em frente, ela vai dar um jeito de engolir essa dor e, logo, ele não vai ver a dor sendo demonstrada, porque ela não vai implorar para que ele fique se ele quiser ir – ela só quer saber a decisão para que ela possa também seguir a vida dela com isso.
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É nova, a forma do seu corpo
É triste, a sensação que eu tenho
E isso é
É um verão cruel
Tudo bem, é o que eu digo a eles
Sem regras, paraíso inabalável
Mas
É um verão cruel
Com você
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Veja acima a explicação desses versos (já feita).
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Eu estou bêbada na parte de trás do carro
E chegando do bar eu chorei como um bebê
Disse que estou bem, mas não era verdade
Eu não quero guardar segredos apenas para manter você
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Quando estamos na parte de trás de um carro, estamos de carona e não podemos controlar o volante, ou seja, ela passou a se sentir totalmente fora do controle. Ela não está sequer no banco de passageiro desse carro (o carro representa a relação em si). Não significa que ela queria ter o controle total, mas sim que ela não pode controlar nada sequer junto com ele, ela se sente impotente para tomar decisões, já que ele confunde ela – não esclarecendo as coisas.
Então, ela diz que está bêbada, representando a sua tentativa de dar atenção a outras coisas, de tentar ficar feliz sem ele (enquanto se sente impotente 'sem poder dirigir o carro'), já que ela sente que vai ser o fim, já que ele continua em cima do muro e ela não vai mais esperar. E depois de tentar tanto se distrair e estar bem sem ele, ela apenas chorou (quando chegou do bar, ou seja, quando tentou seguir a vida tentando estar bem sem ele). O choro representa o esclarecimento de que ela não vai seguir em frente com tanta facilidade como ela chegou a pensar.
Ela diz claramente que não está bem, apesar de tentar passar isso para ele e outras pessoas e pontua que não quer guardar segredos para mantê-lo. Ou seja, ela diz: "se isso não for para ser algo definido, com tudo às claras, eu prefiro realmente passar por esse sofrimento agora e não te ter". Ela não queria mais esconder seus sentimentos e outros segredos envolvidos na relação.
✘
E eu entrei pelo portão do jardim
Todas noites daquele verão, só para selar meu destino
E eu gritei por qualquer coisa que valesse a pena
"Eu te amo!" Essa não é a pior coisa que você já ouviu?
Ele olha pra cima, sorrindo como um demônio
✘
O jardim é, em geral, algo belo e florido. Ou seja, é a representação do que ela visualizava como possibilidade para essa relação (flores regadas – logo, um futuro bem cuidado por ele e por ela, algo visto a longo prazo). Mas ela diz que entrou de fininho (sem ele saber) nesse portão do jardim em todas as noites do verão. A noite, como já foi dito, é o momento de escuridão, então sempre quando algo não estava definido (não estava claro entre eles dois), ela tentava alimentar essa esperança só para sentir que não precisava ir embora ainda. Ela percebia que: se permitir depender, em certos pontos, é também ser independente. No comercial, esqueceram de dizer: crescer é também não seguir em frente.
Mas ela então diz que fez isso "só para selar o destino", ou seja, ela acreditava, enquanto guardava essa esperança, que o destino deles poderia ser um com o outro e por isso tentou tanto manter essa chama acesa, apesar de não estar mais tendo condições de permanecer assim. Logo, quando ela começou a perceber que as coisas não estavam fluindo para frente e sim que estavam estagnando, foi ficando mais difícil de se manter esperançosa.
Então, ela tomou uma última atitude! A atitude dela foi de ir até a última gota para não sair daquilo com dúvidas, foi a atitude de deixar todos os sentimentos dela esclarecidos para ir embora sabendo que tentou o que poderia e que se fosse para ser o fim, seria realmente para ser (e não por ela ter deixado de fazer algo). Passando a lição de que ser forte é não guardar o que sente e não fazer joguinhos, ela se torna então a coragem por admitir o sentimento: "eu gritei por qualquer coisa que valesse a pena: Eu te amo". E ela não diz somente que falou que o ama, ela gritou: era a última atitude, era agonizante, não estava sendo um sentimento tranquilo até então. E era para saber dele qual a resposta, afinal, seria para qualquer coisa que valesse a pena – porque sempre vale admitir o que o coração diz.
E, para complementar, ela berra: "essa não é a pior coisa que você já ouviu?". É claro que quando alguém ouve que outra pessoa o ama, é algo bom (em geral), mas nesse caso, ela está deixando claro que o amo é complicado, delicado, que é necessário lutar e tomar atitudes (como ele não estaria tomando), então nunca é simples ouvir essa frase – é necessário fazer algo quando se escuta ela. Logo, o amor pode ser a melhor coisa do mundo, mas é também aquilo que mais vai exigir ações e renúncias de você. Então, ela brinca com esse sentido, dizendo que não se leva um sentimento desse na brincadeira, como se fosse 'só mais uma coisa linda que ouvimos' – é algo sério, grandioso, real e que exige que: ou nos entreguemos para estarmos totalmente ali, abdicando de outras coisas, ou que deixemos claro que aquilo não é recíproco (que não amamos a pessoa que nos disse, como ela disse para ele).
Logo, a honestidade é requerida em qualquer das duas situações (sendo recíproco ou não). E, por isso, ouvir um "eu te amo" sempre vai exigir o saber lidar com os lados negativos, seja para ser honesto(a) machucando um pouco alguém, ou para lidar com as dificuldades e lutar por esse amor. É a pior coisa do mundo para quem tem caráter, porque te coloca na parede, porque não tem como fugir de algum lado dificultoso no meio disso, porque, no fundo, é a melhor coisa (e tudo o que é melhor, tem seus lados árduos).
Ela está, portanto, falando isso enquanto sente que ele não está sentindo o mesmo (ele precisa esclarecer, finalmente), que sente que ele pode ter iludido ela, então seria algo negativo para ele (por não ser recíproco). OU, ela sente que, ao menos, mesmo que sendo uma coisa boa, mesmo que sendo recíproco, existem tantos empecilhos (os demônios...), tantas coisas que já incomodaram ele, que ele pode não querer mais ouvir aquilo, já que nada os salvaria para que pudessem continuar juntos.
Ela pode ainda estar falando a frase ironicamente, deixando claro que sabe que ele vai gostar de ouvir aquilo, já que ele costuma confundir ela. E mesmo gostando de ouvir, ele pode não deixar seus sentimentos em retorno. O que nos leva para o trecho a seguir.
Para finalizar, ela grita: "ele olha para cima sorrindo como o diabo". Se ele está sorrindo, quer dizer que ele gostou do que ouviu. E o 'sorriso do diabo' é a representação daquele que surge como quem diz que 'vai aprontar alguma coisa'. Logo, é como se ele estivesse transmitindo a ideia para ela de que esperou por essa declaração e que agora vai tomar atitudes, que agora tudo finalmente poderia acontecer (ser melhor esclarecido e ir adiante).
MAS o diabo é dito como aquilo que pode parecer belo em algumas situações para tentar nos atrair a cometer pecados. Então, ela está dizendo nessa frase não somente que ele pareceu satisfeito de tal forma, mas que sente que ele ainda não é confiável (percebemos isso principalmente por como a música continua abaixo), já que ele pode 'estar pregando peças como o diabo', a confundindo. Ela precisa ouvir dele para ter certezas, estaria na hora dele se abrir e não apenas ter reações que podem confundi-la, como uma expressão que não é clara. De agora em diante, precisaria ser explícito.
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E é nova, a forma do seu corpo
É triste, a sensação que eu tenho
E isso é
É um verão cruel
Tudo bem, é o que eu digo a eles
Sem regras, paraíso inabalável
Mas
É um verão cruel
Com você
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Veja acima a explicação desses versos (já feita). Perceba, ainda, que ela repete que 'a forma do corpo é nova', logo, o sorriso faz parte disso: dessa confusão que existe por ele ainda não ter dito tudo o que sente e só dar detalhes superficiais (como o corpo, como o sorriso...) para ela.
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Eu estou bêbada na parte de trás do carro
E chegando do bar eu chorei como um bebê
Disse que estou bem, mas não era verdade
Eu não quero guardar segredos apenas para manter você
E eu entrei pelo portão do jardim
Todas noites daquele verão, só para selar meu destino
E eu gritei por qualquer coisa que valesse a pena
"Eu te amo!" Essa não é a pior coisa que você já ouviu?
(Sim, sim, sim, sim)
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O "sim, sim, sim, sim" (que é o que aparece diferente das partes anteriores já ditas) surge como uma ponta da honestidade finalmente surgindo entre eles, que é o que ela espera. O som aparece em ecos, como se ela estivesse esperando que ele dizesse 'sim, é a pior coisa que ouvi', seja porque ele sente o mesmo, mas se sente impotente nessa relação como ela ou seja porque ele não sente o mesmo. Ao menos, ele estaria sendo, finalmente, totalmente honesto, e é tudo o que ela precisa para seguir com ele ou sem ele (ela só não pode mais continuar com ele com tantas dúvidas).
E é assim que ela termina a música, com uma súplica em ecos na sua mente, como se estivesse dizendo: "Vamos, ao menos seja honesto, fale tudo o que sente e pensa, e finalmente poderemos resolver isso: com um ponto final, ou seguindo totalmente juntos". Afinal, nada mais torto do que só planície.
Acompanhe mais pelo Instagram (@vanessabrunt)!
E então, o que achou das metáforas da letra de Cruel Summer? O que achou do novo álbum de Taylor Swift? Como disse, teremos ainda uma análise de faixa a faixa do álbum aqui e teremos também novas análises de Billie Eilish (já tivemos algumas aqui) e Halsey. Mande mais sugestões sobre quais outras artes gostaria de ter analisadas aqui ou no canal.
11 COMENTÁRIOS
sigo a Taylor desde a época do Love Story e olha, acho que ela é uma das melhores escritoras e compositoras que existe no meio da música.. as letras cheias de expressao e história.. muito boa.. amei o post!
ResponderExcluirbeijos
Blog Modelando
Eu tô curtindo essa nova fase da Tay! Claro que não tinha observado 1/10 das coisas que você consegue tirar das letras e adorei que entendi melhor o contexto dessa :D sua sensibilidade é demais Vanessa!!!
ResponderExcluirbeeeijos :*
Oi Vanessa,
ResponderExcluirJunto com a Lana, a Taylor também é uma das minhas compositoras favoritas.
Cruel Summer foi uma das minhas favoritas, fiquei pensando que como a fama traz tanta coisa ruim, né. Imagina vc ter q esconder um romance pq vão falar muita merda pelo seu término ser recente.
Adoro as músicas mais longas dela por isso. Eu amei a vibe de Lover, dela querer transmitir a felicidade que ela tá sentindo pra influenciar, isso muito lindo de interpretar nas músicas.
Daylight é super minha fav!
até mais,
Canto Cultzíneo
Nossa, nunca pensei nas músicas por esse lado. Ficou uma ideia super legal!
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna | Desapega
Oi Vanessa,
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho das analises das letras, deve ter dado u bom trabalho para ler, interpretar e explicar.
Eu gosto muito das músicas da Taylor e essa ouvi recentemente e já adicionei na playlist.
Bjs e uma boa semana!
Diário dos Livros
Conheça o Instagram
Eu amo ler essas análises que você faz de músicas e clipes, é sempre uma dissecação completa e profunda *_* arrasou nessa Va <3
ResponderExcluirbjs
Ariadne ♥
De volta ao retrô | Facebook | Instagram
Oi, Vanessa
ResponderExcluirOlha, parabéns por essa análise porque em um momento ali me perdi e fiquei "como que ela conseguiu ver isso oquetacontecenu?" Hahahaha
Eu raramente mergulho tão profundamente em letras de músicas, então admiro seu trabalho de análise e reflexão.
Sobre o álbum da Taylor, não gostei. Ouvi duas vezes e nenhuma música me agradou, infelizmente. Acho que o fato de eu não simpatizar mais com ela contribuiu.
Agora sobre análise da Billie... quero.
Beijos
- Tami
https://www.meuepilogo.com
Eu não acompanho a carreira da cantora, mas tenho acompanhado algumas críticas a esse novo álbum. Acho que vou dar uma chance e curtir as músicas. Tenha um ótimo dia, beijos!
ResponderExcluirBlog Paisagem de Janela
www.paisagemdejanela.com
Eu não tinha me dado conta de todas essas metáforas, adorei o post com tudo explicadinho
ResponderExcluirBeijos ♡ Blog | Instagram | Youtube
Amei sua analise, amando demais esse novo cd, as músicas tudo. Ela está maravilhosa e esse trabalho está incrível
ResponderExcluirBeijos
www.pimentadeacucar.com
gosto bastante de Taylor e adorei conferir sua analise da musica/clip por aqui
ResponderExcluirwww.tofucolorido.com.br
www.facebook.com/blogtofucolorido
➚ Obrigada por chegar até aqui para deixar a sua opinião. É fundamental para mim. O que dá sentido com ratificação para cada reflexão entre análises, dicas, informações e sentimentos aqui escritos são essas nossas trocas evolutivas de sensações e pitacos.
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